Jornadas no meu país . pelo flanco, enquanto com o outro braçoestendido, segura na destra a espada núa,que se desenha no ar em linha oblíqua. Ergue-se-lhe a cabeça num gesto altivo,sente-se-lhe a vóz imperativa na boca abertae fremente; todo ele é força viva, todo eleé vibração, todo ele significa: coração pa-ra amar, braço para defender, vóz paraaclamar a Pátria! A seus pés, a meio pedestal, lutam doisformosíssimos leões, símbolos da Monar-quia e da República. Esta está subjugada,mas não morta. Sente-se-lhe na dureza do bronze o la-tejar da carne, a nervosidade da cauda, odesespero das garras


Jornadas no meu país . pelo flanco, enquanto com o outro braçoestendido, segura na destra a espada núa,que se desenha no ar em linha oblíqua. Ergue-se-lhe a cabeça num gesto altivo,sente-se-lhe a vóz imperativa na boca abertae fremente; todo ele é força viva, todo eleé vibração, todo ele significa: coração pa-ra amar, braço para defender, vóz paraaclamar a Pátria! A seus pés, a meio pedestal, lutam doisformosíssimos leões, símbolos da Monar-quia e da República. Esta está subjugada,mas não morta. Sente-se-lhe na dureza do bronze o la-tejar da carne, a nervosidade da cauda, odesespero das garras crispadas e que fazemprever que de um instante para o outro, opapel dos lutadores possa ser invertido; ooutro leão, em atitude altiva de rancor e deorgulho, pousa as patas dianteiras sobre oventre do inimigo, e olha para deante comexpressão de domínio e de ódio. O escultor profético não dilacerou a fe-ra vencida; ela está por terra mas toda elaé vida que se contrai, que sofre, mas que es-. CASTi:],L() ASSIS 15KAZI!. 223 pêra. . E o que ela conseguiu, todos nóso sabemos. . Bastaria esta hora de contemplação, quepassou tão rápida mas que se cristalisoupara sempre na minha memória, para medar por feliz nesta viagem. São raros, mesmo nas capitais mais ar-tísticas do mundo, monumentos de praçapública que saibam aliar, como este alia, aharmonia á magestade e a expressão do sen-timento á perfeição técnica da obra. Aben-çoado quem se lembrou de confiar ao artista,que é hoje não uma glória de Portugal masuma glória da Europa, o que equivale a di-zer do mundo, a execução de tamanha ho-menagem. Pegam-se-me os pés ao chão; é pela ur-gência das circunstâncias que, fazendo vio-lência sobre mim mesma, abandono o meuposto de admiração feliz. E até entrar nocarro, ao atravessar a praça Tamandaré,volto a cabeça para vêr, enquanto posso,, aestátua admirável. . XXXIV PEDRAS ALTAS Milita gente terá inveja de mim, quandosouber q


Size: 1791px × 1396px
Photo credit: © The Reading Room / Alamy / Afripics
License: Licensed
Model Released: No

Keywords: ., bookcentury1900, bookdecade1920, bookidjornadasnome, bookyear1920